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Mapeamento na tecnologia de aplicação

Em geral, muita informação é gerada, muita oferta e discurso para amostragem e geração de mapas, porém baixa interpretação e aproveitamento efetivo das informações geradas. Neste tópico serão apresentados alguns estudos de casos oriundos de pesquisas com interpretações e análises de possibilidades de intervenções práticas nas áreas de pesquisa em tecnologia de aplicação no controle de plantas daninhas, pragas e doenças, ainda com dificuldades de sistemas de amostragem, mapeamento e atuações efetivas.

Neste trabalho (Figura 1), foi analisada a variabilidade espacial do número de horas disponíveis no mês de janeiro para realizar a aplicação de produtos fitossanitários no Estado do Paraná, Brasil. A interpretação dos resultados deste estudo traz conhecimentos das particularidades climáticas de cada região o que é fundamental na adoção da AP para o gerenciamento e tomada de decisão na atividade, ou seja, gestão da mão-de-obra, planejamento e dimensionamento da frota de pulverizadores nas propriedades agrícolas. Além disso, permite uma análise mais complexa para diagnosticar as regiões que necessitam de maior atenção na escolha da tecnologia de aplicação visando reduzir os riscos de impacto ambiental, aumentar a eficiência e atingir os benefícios esperados das práticas de pulverização.

Figura 1. Distribuição espacial do número de horas disponíveis para pulverizações em função da temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento no mês de janeiro no estado do Paraná/PR. Fonte: os autores (ainda não publicado)

Nos pulverizadores atuais, temos a opção de adicionar pacotes de eletrônica embarcada, dentre estes, sensores para a aquisição de dados meteorológicos, que possibilitariam ao operador acompanhar em tempo real as variações climáticas durante a pulverização. Porém, como se trata de tecnologias novas seu custo ainda é alto, portanto, pouco utilizado para esse fim na agricultura. Neste estudo, representado na Figura 3, foi desenvolvido uma metodologia de baixo custo para avaliar a variabilidade espacial, a relação do tempo e da área de ocorrência da temperatura e umidade relativa do ar, coletados de forma automática, georreferenciada e embarcada no pulverizador agrícola. Como interpretação prática, observa-se que existe uma variabilidade espacial, resultada do horário de execução das aplicações que alertou a mudança de tecnologia de aplicação para poder continuar as pulverizações sem interrupções da prática e comprometimento da capacidade operacional e gerenciamento do tempo disponível para atividade.

Figura 3. Mapas classificados da distribuição espacial da umidade relativa e temperatura do ar durante as pulverizações de herbicidas na pré-semeadura do trigo. Fonte: Marubayashi (2016).

A variabilidade de distribuição do depósito de pulverização nos diferentes locais na planta é um dos grandes gargalos da tecnologia de aplicação. Nesta pesquisa foi avaliado a deposição de pulverização em diferentes locais de coleta nas plantas de soja (Figura 4). O foco principal deste resultado é indicar ausência de dependência espacial para a deposição da pulverização, indicando que estudos e inferências estatísticas também podem ser realizados com base em parâmetros da estatística clássica. Desta forma, a geoestatística também contribuirá para validar a uniformidade de distribuição de insumos realizados pela máquina, indicando neste caso específico que não existe uma dependência espacial da deposição dos produtos, pois os as variações que ocorreram foram inteiramente aleatórias na área ou promovidas pelas pequenas diferenças de arquitetura foliar das plantas ou velocidade do vento e que não se atribuem a oscilações de problemas relativos a máquina. Traz uma análise de que a máquina estando bem regulada e trabalhando nas condições adequada de operação, os mecanismos de distribuição não apresentam nenhuma tendência e os erros oriundos dela são puramente sistemáticos.

Figura 4. Distribuição espacial da deposição de pulverização com a ponta AXI 11002 (267 kPa) em folíolos de soja coletados na parte inferior e superior das plantas. Fonte: Martins et al. (2016).

Amostragem e mapeamento por técnicas de geoestatística permite conhecer melhor a correlação espacial e a natureza estrutural da variável coletada.

Cada vez mais precisa, as operações agrícolas tem utilizado tecnologias que reduzem as perdas e proporcionem o máximo de eficiência e lucro para o agricultor, neste ponto, a geoestatística contempla totalmente os anseios e desejos da maioria dos agricultores que a cada dia tem acreditado e buscado continuar praticando a AP.

 

REFERÊNCIAS

SILVA, A. F. Análise multivariada de dados espaciais na classificação interpretativa de solos. 2014. 96f. Tese (Doutorado em Agronomia). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas. Botucatu, 2014.

Sobre os autores:

Rone Batista de Oliveira é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Agronomia pela UFES, Doutorado pela UNESP, Botucatu. Realizou o Doutorado Sanduíche pela Ohio State University (OSU) e United States Department of Agriculture (USDA) nos Estados Unidos na área de Tecnologia de Aplicação e Agricultura de Precisão. Atualmente é professor Adjunto da Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP, Bandeirantes/PR. Tem experiência na área de Agronomia, com pesquisa e extensão em Tecnologia de Aplicação,  Agricultura de Precisão e Estatística.

Escrito por Alessandra Fagioli

Alessandra Fagioli é Engenheira Agrônoma, graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e mestrado e doutorado em agronomia pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (FCA/UNESP). Realizou doutorado sanduiche no Instituto Superior Técnico de Lisboa-Portugal. Pós-doutorado em agronomia pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Trabalha com análise geoestatística aplicada em agronomia desde a graduação. Participou na organização dos Simpósios de Geoestatística Aplicada às Ciências Agrárias.

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