Classificação de Recursos e Reservas Minerais - artigo por J. K. Yamamoto - O que é recurso medido, indicado e inferido
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Classificação de Recursos e Reservas Minerais – Parte 1

Recurso medido, indicado e inferido

Classificação de Recursos e Reservas Minerais – Parte 1

Artigo sobre a classificação de recursos e reservas minerais

Os resultados da exploração mineral produzem dados que nem sempre estão com uma distribuição regular sobre toda a área de pesquisa. Assim, haverá partes mais detalhadas em detrimento de outras que, por apresentarem teores marginais, não foram pesquisadas. Evidentemente, o grau de detalhamento está correlacionado ao nível de confiança ou certeza sobre os recursos minerais estimados, que devem ser classificados adequadamente.

Por que classificar os recursos e reservas minerais?

A classificação de recursos/reservas minerais é necessária por várias razões (Sinclair e Blackwell, 2002, p. 325):

  • Criação de um inventário formal dos principais ativos da companhia;
  • Documentação dos ativos para demonstrar o potencial de produção para médio e longo prazos;
  • Levantar fundos no mercado especulativo de ações;
  • Proporcionar um nível de confiança para instituições financeiras;
  • Proporcionar uma base para os royalties, taxação, uso do solo, gerenciamento, entre outras.

As motivações principais para a classificação de recursos/reservas minerais são:

  • introdução de uma medida quantitativa ou semiquantitativa da incerteza;
  • desenvolvimento de um conjunto padrões internacionais (Sinclair e Blackwell, 2002, p. 325).

O que levar em consideração no cálculo dos recursos minerais

No cálculo dos recursos minerais, os seguintes fatores relevantes devem ser considerados: confiança relativa nas estimativas de teor/tonelagem, confiabilidade dos dados de entrada, confiança na continuidade geológica, valores dos metais, qualidade, quantidade e distribuição dos dados (JORC, 2012, p. 30).

Além disso, segundo esse código, o resultado deve refletir apropriadamente a visão da Pessoa Competente sobre o depósito mineral. Segundo a CBRR (2016, p. 6), o Profissional Qualificado é um profissional da indústria mineral registrado junto à CBRR ou de uma Organização Profissional Reconhecida, conforme o Anexo 3 do Guia CBRR.

Veja também:

O Processo de Avaliação de Recursos e Reservas Minerais

Como Validar Dados para a Avaliação de Recursos Minerais

Parâmetros de classificação de recursos minerais

Os recursos minerais devem ser classificados, conforme o grau de certeza crescente, em inferido, indicado e inferido. Os recursos minerais indicados e medidos podem ser convertidos em reservas minerais prováveis e provadas, respectivamente, por meio da aplicação dos fatores modificadores. Estes fatores modificadores incluem, mas não se limitam a considerações sobre: a lavra, o processamento, a metalurgia, a infraestrutura, a economicidade, o mercado, os aspectos legais, ambientais, sociais e governamentais (CBRR, 2016, p. 8).

A Figura 1 ilustra o diagrama adotado no Brasil pela Comissão Brasileira de Recursos e Reservas – CBRR.

Figura 1: Classificação de recursos e reservas minerais (reproduzido a partir de CBRR, 2016, p. 5). O que é recurso medido, indicado e inferido
Figura 1: Classificação de recursos e reservas minerais (reproduzido a partir de CBRR, 2016, p. 5).

Recursos minerais medidos, indicados e inferidos

Este diagrama mostra que existem dois eixos: conhecimento geológico e confiança; fatores modificadores. Os recursos minerais conforme o aumento do conhecimento geológico e confiança são classificados como inferido, indicado e medido, os quais podem ser convertidos em reservas provável e provada. As definições adotadas pela CBRR (2016) são reproduzidas a seguir:

Recurso Medido

“Um Recurso Mineral Inferido é aquela parte de um Recurso Mineral para o qual a quantidade e o teor ou a qualidade são estimados com base em evidências geológicas e amostragens limitadas. Evidências geológicas são suficientes para sugerir, mas não para atestar a continuidade geológica e o teor ou qualidade. Um Recurso Inferido tem um nível de confiabilidade mais baixo do que aquele que se aplica a um Recurso Mineral Indicado e não deve ser convertido para Reserva Mineral. É razoável esperar que a maioria dos Recursos Minerais Inferidos possa ser convertida em Recursos Minerais Indicados com a continuidade da exploração (CBRR, 2016, p. 12-13).”

Recurso Indicado

“Um Recurso Mineral Indicado é a parte de um Recurso Mineral para o qual a quantidade, o teor ou qualidade, a densidade, a forma e as características físicas são estimadas com confiabilidade suficiente para permitir a aplicação de Fatores Modificadores em detalhe suficiente para embasar o planejamento de mina e a avaliação da viabilidade econômica do depósito. Evidências geológicas são derivadas de exploração, amostragem e testes com detalhamento adequado e são confiáveis e suficientes para assumir a continuidade geológica e o teor ou qualidade entre os pontos de observação (CBRR, 2016, p. 13).”

Recurso Inferido

“Um Recurso Mineral Medido é a parte de um Recurso Mineral para a qual a quantidade, o teor ou qualidade, as densidades, as formas e as características físicas são estimadas com confiança o suficiente que permitam a aplicação dos Fatores Modificadores para embasar o planejamento de mina detalhado e uma avaliação final de viabilidade econômica do depósito. Evidências geológicas são derivadas de exploração, amostragem e testes detalhados e confiáveis e são suficientes para confirmar a continuidade geológica e o teor ou qualidade entre os pontos de observação (CBRR, 2016, p. 13).”

O recurso medido requer um alto grau de confiança e o entendimento da geologia e dos controles do depósito mineral, enquanto o recurso indicado é resultado de interpretação que permite assumir a continuidade da mineralização (Rossi e Deutsch, 2014, p. 215). Ainda segundo esses autores, o recurso inferido é aquele que apresenta alto grau de incerteza e assim não pode ser incluído nos recursos minerais estimados, que forma a base para os estudos de viabilidade e outros estudos econômicos.

Na continuação deste artigo, serão descritos os eixos do conhecimento geológico/confiança, que depende do grau de continuidade física da mineralização, bem como dos teores.

Referências bibliográficas

Comissão Brasileira de Recursos e Reservas – CBRR. 2016. Guia CBRR para declaração de resultados de exploração, recursos e reservas minerais. Brasília, CBRR. 54p.

Joint Ore Reserves Committee – JORC. 2012. The JORC code – Australasian code for reporting of exploration results, mineral resources and ore reserves. AusIMM – Australasian Institute of Mining and Metallurgy. 44p.

Rossi, M.; Deutsch, C.V. 2014. Mineral Resource Estimation. Dordrecht, Springer. 332p.

Sinclair, A.J.; Blackwell, G.H. 2002. Applied mineral estimation. New York, Cambridge. 381p.

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Escrito por Jorge Kazuo Yamamoto

Prof. Dr. Jorge Kazuo Yamamoto, fundador da Geokrigagem, é geólogo, foi pesquisador do IPT e docente do Instituto de Geociências da USP, onde se aposentou como Professor Titular do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental. Atualmente, atua como Professor Sênior do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo – Escola Politécnica – USP. É responsável pela disciplina “Métodos geoestatísticos” na Pós-Graduação do IPT – Investigação do subsolo: Geotecnia e Meio Ambiente. Dedica-se ao ensino de geoestatística, com ênfase no desenvolvimento de algoritmos e pesquisa de novas aplicações, tais como: variância de interpolação, cálculo da variância global de depósitos minerais e correção do efeito de suavização da krigagem. Ultimamente, seu interesse está voltado para o ensino e divulgação da linguagem R.

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