O que é a continuidade geológica?
Continuidade geológica é a ocorrência física ou geométrica de feições geológicas que controlam a localização e disposição da mineralização (Sinclair e Blackwell, 2002, p. 59).
King et al. (1982, p. 9) mostram graficamente a relação entre proporção de mineral de minério e continuidade geológica para alguns depósitos minerais (Figura 1).
Figura 1: Proporção de mineral de minério em função da
continuidade geológica (King et al. 1982, p. 9).
A avaliação de recursos minerais em depósitos com predomínio de minério e que apresentem alta continuidade geológica é uma atividade simples, pois não apresenta grandes dificuldades. Entretanto, quando essa proporção diminui surgem os problemas, pois mesmo depósitos com alta continuidade geológica no caso de diamantes em terraços fluviais, a natureza errática da distribuição dos teores dentro do depósito dificulta a atividade de estimativa de recursos minerais. Ainda em situações de pequena proporção de mineral de minério, se tem os veios auríferos que apresentam o problema adicional da descontinuidade geológica.
A geometria dos corpos de minério é outro fator que deve ser considerado. King et al. (1982, p. 13) propõem uma classificação de depósitos minerais em cinco classes: 1) veios; 2) corpos estratiformes; 3) corpos maciços ou disseminados; 4) depósitos superficiais residuais; 5) aluviões. Na prática, segundo Schofield (2001, p. 293), a complexidade geométrica da mineralização afeta mais severamente a estimativa de recursos minerais. Os depósitos disseminados precisam de um elemento adicional para definição da geometria do corpo de minério, que é dado pelo contato que separa o minério do rejeito, dependendo do teor de corte aplicado. Esse tipo de contato é denominado difuso. Os contatos que delimitam o corpo de minério podem se classificados em abruptos e difusos, conforme ilustração na Figura 2 (Duke e Hanna, 2001, p. 148).
Figura 2: Tipos de contatos para definição do corpo de minério
(modificado de Duke e Hanna, 2001, p. 149).
A questão do contato
O contato abrupto pode ser verificado diretamente nos testemunhos de sondagem e, dessa forma, o conjunto de observações permite o traçado do contato geológico entre camadas sedimentares, inclusive camadas de carvão. Evidentemente, modelos geológicos com contatos abruptos são os casos mais simples. Entretanto, no início da exploração mineral, com poucas sondagens e, com a presença de falhas geológicas que deslocam camadas, a interpretação pode ser complicada.
Por outro lado, o contato difuso, que depende da definição de um teor de corte para separação entre minério e rejeito, não pode ser detectado diretamente nas sondagens. Nesse caso, teores altos e baixos separados pelo teor de corte se encontram em uma zona geológica e estatisticamente homogênea, como definida anteriormente. Assim, dentro dessa zona homogênea, os teores são interpolados para a separação entre minério e rejeito. A estimativa de minério deve levar em consideração o resultado da análise de contato que deverá indicar se pontos de dados localizados na região do rejeito podem ser usados (Rossi e Deutsch, 2014, p. 59). Segundo esses autores, o tratamento e definição de contatos têm implicações na estimativa de recursos minerais, tais como: diluição, perda de minério ou mistura de tipos geológicos.
Referências
Duke, J.H.; Hanna, P.J. 2001. Geological interpretation for resource modelling and estimation. In: Mineral Resources and Ore reserve Estimation – The AusIMM Guide to a Good Practice (Ed. A.C. Edwards) p. 147-156. Melbourne, The Australasian Institute of Mining and Metallurgy.
King, H.; McMahon, W.; Bujtor, G. 1982. A guide to the understanding of ore reserve estimation. Proceedings No. 281. 21p.
Rossi, M.; Deutsch, C.V. 2014. Mineral resource estimation. Dordrecht, Springer. 332p.
Schofield, N.A. 2001. Determining optimal drilling densities for near mine resources. In: Mineral Resources and Ore reserve Estimation – The AusIMM Guide to a Good Practice (Ed. A.C. Edwards) p. 293-298. Melbourne, The Australasian Institute of Mining and Metallurgy.
Sinclair, A.J.; Blackwell, G.H. 2002. Applied mineral inventory. New York, Cambridge University Press. 381p.